ILUMINURAS
perseguir-te o dote de amor tua alma de todo castiça flanará sem alcance como maresia de pouca levedura ah este luzir abstruso, esta saudade sulcada este campo dourado de trigo no momento da preparação do replantio
ah este ciúme intenso negrume que
habita-me doentio e liberta-se temporal
sono avaro sonho ermo onde o ser vê-se perdido à essência ah os trigais de umidade
as torrentes de águas sulfurosas que se lançam
desde as alturas são como águas puras
puras para lavar as dores sem termo
de homens errantes e parvos
que arrastam sentenças como grilhões
de cativa sina, sobre a terra plena e inabitada
abandonada pelas almas pequeninas
eternizado o momento na lembrança
da chuva virá o pranto que assoma aos olhos
da região dos perdidos desencantos
e depois do pranto um amor novo renascido
o rebento mais querido que há de vir mesmo que em noite assim úmida e fria e há de vir mesmo que seja só para consumar na vida
a presença ingente e irrecorrível da poesia.