ILUMINURAS

perseguir-te o dote de amor tua alma de todo castiça flanará sem alcance como maresia de pouca levedura ah este luzir abstruso, esta saudade sulcada este campo dourado de trigo no momento da preparação do replantio

ah este ciúme intenso negrume que

habita-me doentio e liberta-se temporal

sono avaro sonho ermo onde o ser vê-se perdido à essência ah os trigais de umidade

as torrentes de águas sulfurosas que se lançam

desde as alturas são como águas puras

puras para lavar as dores sem termo

de homens errantes e parvos

que arrastam sentenças como grilhões

de cativa sina, sobre a terra plena e inabitada

abandonada pelas almas pequeninas

eternizado o momento na lembrança

da chuva virá o pranto que assoma aos olhos

da região dos perdidos desencantos

e depois do pranto um amor novo renascido

o rebento mais querido que há de vir mesmo que em noite assim úmida e fria e há de vir mesmo que seja só para consumar na vida

a presença ingente e irrecorrível da poesia.

RicardoSReis
Enviado por RicardoSReis em 08/11/2007
Código do texto: T729274