Vila da Fumaça
no rumorejar do tempo ido
na loca, a aguada fria que bruta, brota
opera em silencio, do tempo, o relógio
marcando o compasso
de um viver perdido
que cobrejando em curvas, se ia.
tornando-se em ribeirão
a vereda em certa rota
cruzando inteira a vila
que no oficio das orações
se perdia.
e se perdia no olor da cachaça
na serra da mantiqueira e no entorno
a bruma e os seres das águas
a brisa passando
e a tarde nascendo detrás do morro
passando, passando, e já agora é um rio
que desde aqui, vai ao mar.
da igreja e do cantochão
já não dá notícia
o rio, passando, se dista
e só o arrulhar atonal das águas
fervilhando nas pedras
é que agora se ouvia.
ecos perenes hábeis
e de vital mecanismo
há pontes que cortam o céu, levando um trem voador
há pontes do engenho humano, trançadas em aço e no amor
para suplantar os abismos
embaixo das mesmas pontes, arrulha apurado som
que é mais do que o acaso, dispondo meras notas
é o som das águas, da grave e profunda beleza
e tão leve, como nunca se obteve
na mais bela das sinfonias.
e a terra na distancia, como estendida esteira
de pedra e pó
era medida no mugir de um garrote abandonado
que clamava pela mãe na capoeira.
opera em silencio, o relógio do tempo
compasso desdobrado
no sol e no esterco
saneando homens, gado e desejos
e tudo se esvai num lampejo
repentino e fugaz momento.
Ricardo Sant´Anna Reis