As três praias

O nordeste incessante da Guaibura

Soprava o meu rosto com ternura

Nas tantas tardes de amigos e risos

Pileques, família, paparicos

Lá, com vinte e poucos anos

Naqueles dias incomparáveis

No meio da gente, estranhos

Ora falava-se, ora contemplava-se

Pescador de faca na bainha

Pintava no mar uma gravura

Deitava sua rede na baía

Nas águas azuis da Guaibura

Saía só pela Peracanga

A refletir sobre antigos amores

De maiôs, biquínis e cangas

Era ave de rapina, açores

Esperava o pôr-do-sol à tardinha

Na maré baixa da Prainha

Pedaço de mar e céu com textura

Do outro lado da Guaibura

O verão inflamava a Bacutia

Enquanto o sol se explodia

Em corpos bronzeados de tesão

Sedentos de beijos sem razão

Havia um furor na enseada

Areia, corpos que ardiam em debandada

Uns que corriam, nadavam

Outros que caminhavam, flertavam

A noite guardava as surpresas

Para quem excitava a natureza

E buscava ser seu par

Nas areias quentes daquele mar

Dentro de mim havia

Um quê de melancolia

Que minha mente invadia

Nas tardes frias da Bacutia

O que seria?

Meu pensamento ainda vaga

Por entre as curvas das três praias

E jamais vou esquecer

Mesmo se um dia amadurecer.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 09/01/2008
Código do texto: T809563