A capixaba

Alvorece na capixaba

O cabelo voa no vento

A maré alta risca o Penedo

Água dura que desce do porto

Corre lisa a canoa do moço

Esquiva da onda praieira

O mariscador pega o rumo

Num barco maior que piroga

O compadre segue de ponga

Mais de cem garatéias

O barco lança à lonjura

Num cardumim de manjuba

A lenha estala na choça

Aquece o coração de quem chora

O setentrião venta frio na roça

Tremelica um tiquinho a cabocla

Que desde cedo lida na eira

Com uma saudade na boca

O taludo foi-se pro mar

Deixou a cabocla no fazimento

Mamada de pensamento

Do beijo da madrugada

Só cessa o perrengue

Quando seu homem chegar

Ela coze muchá pro vetusto

Balde com água pro budigão

Farinha pra endurar o pirão

E comer no casco do goiamum

Com moqueca de sururu

Lenha, panela de barro e angu.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 10/02/2008
Reeditado em 24/03/2008
Código do texto: T853505