MEIO SÉCULO
Amanheci, hoje, cedinho.
O céu ainda azul pálido.
Em mim nasceu a lembrança dos meus 50 anos, no domingo.
Na janela surgiram todos aqueles que passaram por mim:
os que deixaram cicatrizes de alegria, de amizade,
de compreensão, de carinho, de amor, de respeito,
de cumplicidade, de lealdade, de fidelidade;
e, também, os que deixaram marcas de tristeza, de inimizade,
de incompreensão, de frieza, de indiferença,
de desrespeito, de deslealdade, de infidelidade.
Estes, poucos, muito poucos.
Olho para trás e vejo que estou no lucro.
Amei e amo alguém incondicionalmente.
Chorei e choro copiosamente.
Sorri e sorrio escancaradamente.
Aprendi e aprendo incessantemente.
Abracei e abraço apertadamente.
Beijei e beijo amorosamente.
Estudei e estudo, sempre.
Trabalhei e trabalho competentemente.
Rezei e rezo fervorosamente.
Fui feliz e infeliz.
Fui e sou mãe.
Casei e descasei.
Namorei e “desnamorei”.
Escrevi e “descrevi” livros.
Plantei uma árvore.
Tive gato e cachorro (tanto o racional como o irracional).
Tomei banho de chuva,
de cachoeira, de mar, de lua.
Dormi de conchinha.
Desfilei em bloco e em escola de samba.
Vi o sol morrer e nascer, sem dormir.
Descobri o tanto que fiz e o que desfiz.
Mas, acima de tudo, recebo o melhor presente:
vocês, os verdadeiros amigos que fiz.
(TEXTO DO CONVITE DO MEU ANIVERSÁRIO - escrito em 04/02/2008)