OS DIAS QUE FORAM SÓ DOS ÍNDIOS(Antes da chegada da frota)
...Ouviam ao longe o riso do sol,
O vento cantando entre as fendas das pedras,
A abelha zumbindo na copa da flor,
O murmúrio da fonte no oco da mata.
E viam correr pelas brenhas difíceis,
O Boitatá, Curupira, coisas do mato.
Nos rios a temível Igpuiára,
E cousas de fogo voando nos céus.
E sentiam o calor da mata fechada,
E o ar refrescante das praias abertas,
E respeitavam seus velhos e a natureza,
As mulheres,o bicho prenhe e os curumins.
E como crianças eram puros,
E tinham lá o milagre dos peixes,
Seu pão de mandioca, a oca,
E um Deus “generoso” chamado Tupã.
Eram muitos, tantos, incontáveis,
Antes da chegada daquela frota.
Viviam nus como vivem os peixes
E enfeitavam o corpo como se fossem aves.
Não guardavam, vendiam ou trocavam,
Só caçavam e pescavam o que comiam,
Eram, pois, os guardiões das florestas,
Desse imenso Brasil encoberto.
Eram Tamoios, Tapuias e Tupis,
Guaicurus, Guajajaras, Guaranis
E outros, que foram felizes e assim viveram,
Até o aportar das naus de além-mar
Que no peito da América num éden oculto,
O desfrute incauto vieram colher
E ainda em nome da cruz que “livra” o mundo,
Nas catequeses impostas criaram escravos,molambos!
SBC-SP-JAL®
19/04/2007