O que conta a mãe longeva
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Perdi a conta dos dias, sem saudades,
mãe longeva em caminhos de rugas.
Se você preferir, falarei ao seu ouvido,
que sou seu menino de setenta anos;
embora ainda me sinta no cercado
segurando as barras para levantar
pela primeira vez, pois me sinto seguro.
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Calculo hoje os incontáveis dias de doçura,
todos com gestos de acordo com as
estações. A volubilidade inexistente.
Você conhece, mãe, as minhas histórias,
elas são ecos das que você contou.
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Você não precisou me proteger do pai
saudoso, meu peito ruge como
um vassoura de salgueiro, há ventania
e o desconhecimento do redemoinho.
Entendi nos seus olhos o céu
que me protege, o céu que choveu
lágrimas de preocupação e de ternura.
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A benção de Deus veio desde seu colo,
lugar da criação, numa imagem divina,
no belo parentesco com a natureza,
quando ainda mora num lugar bucólico,
enquanto sou feliz com a sua presença.