POEMA QUE NÃO CONSIGO ESCREVER
[Poema dedicado à amiga Andreia Gomes que acaba de se formar
em Psicologia Clínica!]
Sinto
Que tem de ser!...
Mas minto,
Se afirmar que faço ideia
De qual o poema a escrever
À amiga Andreia.
Por vezes as palavras
São assim…
Sementes desta lavra,
Que não querem nascer
Em mim!...
Posso até falar da vida,
Mas tenho dúvidas
Se a minha voz é devida
Mente ouvida!...
Posso até falar da beleza
Da natureza...
Do encanto do solo, do sol, do sal
Que sobra do pranto;
E no entanto
Chorar não nos faz nenhum mal!...
Posso até falar do valor
Do saber,
Mesmo sabendo ter
Só um pouco do seu sabor!...
Posso até falar do amor,
Do meu, do teu, do seu, do céu…
E também
Do mar, de amar, de mamar
No seio, anseio de ser mãe!...
Posso até falar da água
Da nascente,
Da corrente
Que salta solta e quente
Pelo apelo da liberdade
Carente que a invade!...
Posso até falar dos prados,
Tornados jardins de alecrins
Onde Jacintos, Malvas, Margaridas,
Rosas, Camomilas, Violetas
Lhes dão cores multicolores! …
Mas – Oh dores da Vida –
Minha nobre Andreia...
Não fiques danada! …
Este pobre poeta
Não sabe dizer nada,
De nada!
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[NOTA: Confesso que este poema tem um certo encantamento, saindo quase de improviso criei musicalidade, harmonia e alguns jogos de palavras. Desde logo o último verso "de nada" que acaba por ser uma repetição da palavra "danada"; e quando se fala em jardins, a expressão "oh dores" pode ser associada a "odores"; existe ainda um jogo de sons entre palavras semelhantes como: "saber/"sabor"; "meu/teu/seu/céu"; ou entre "da vida/devida/dúvida/ouvida"; assim como a duplicidade das palavras "devida_mente".
Um abraçooo!]