Amor Provinciano
Que poeta fajuta que eu sou
Vivo por escrever poesias sofridas
Vivo por transformar em pesar a minha vida
Eu queria poder dizer que sou uma poeta enjoada
Eu queria poder dizer que toda poesia tem que ser dramática
Poque aí eu estaria certa
E meus poemas seriam o natural do natural
Mas não são, eles são sugadores
Dos sentimentos que causam minha comoção
Parece que meus poemas gostam de dizer que sofri
Gostam de dizer que perdi
Gostam de dizer que o meu abalo é mais um calo
Que irá me atormentar até eu dizer
Que desisto, não insisto, já entendi que não sou pra você
Meus poemas se alimentam do gosto de saber
Que sempre me apaixono pela pessoa errada
E que sempre acabo quebrando a cara
E que sempre serão tristes as minhas falas
Enquanto meus sentimentos vierem sempre barrados por muralhas
E enquanto ninguém notar que estou definhando
Enquanto ninguém falar que é desumano
Ter palavras tão verdadeiras
Jogadas ao lixo por quem as leia
Porque ninguém quer saber o que essa poeta fajuta quer dizer
Mas o pior de tudo é ver
Que pra quem isto foi escrito, quando ler
Não vai notar muito menos crer
Que isso de fato pode ocorrer
Ainda por cima com alguém tão próximo
Que todo dia sorri quando o vê
Não, ninguém vai ligar pro que essa poeta quer dizer
Só irão ler por ler
Só chorarão por não entenderem o quê entender
Só rirão por não saberem o quê fazer
E enquanto isso eu continuarei a escrever para você ler
O quê esses meus poemas tanto clamam
Eu continuarei a escrever pra você
Sobre esse amor provinciano
Que se perderá algum dia e depois voltará
Mas não por você, mas com o mesmo pesar
Mas com a mesma dor,
Mas com o mesmo ardor
Mas com o mesmo amar sem amar