Amor Provinciano

Que poeta fajuta que eu sou

Vivo por escrever poesias sofridas

Vivo por transformar em pesar a minha vida

Eu queria poder dizer que sou uma poeta enjoada

Eu queria poder dizer que toda poesia tem que ser dramática

Poque aí eu estaria certa

E meus poemas seriam o natural do natural

Mas não são, eles são sugadores

Dos sentimentos que causam minha comoção

Parece que meus poemas gostam de dizer que sofri

Gostam de dizer que perdi

Gostam de dizer que o meu abalo é mais um calo

Que irá me atormentar até eu dizer

Que desisto, não insisto, já entendi que não sou pra você

Meus poemas se alimentam do gosto de saber

Que sempre me apaixono pela pessoa errada

E que sempre acabo quebrando a cara

E que sempre serão tristes as minhas falas

Enquanto meus sentimentos vierem sempre barrados por muralhas

E enquanto ninguém notar que estou definhando

Enquanto ninguém falar que é desumano

Ter palavras tão verdadeiras

Jogadas ao lixo por quem as leia

Porque ninguém quer saber o que essa poeta fajuta quer dizer

Mas o pior de tudo é ver

Que pra quem isto foi escrito, quando ler

Não vai notar muito menos crer

Que isso de fato pode ocorrer

Ainda por cima com alguém tão próximo

Que todo dia sorri quando o vê

Não, ninguém vai ligar pro que essa poeta quer dizer

Só irão ler por ler

Só chorarão por não entenderem o quê entender

Só rirão por não saberem o quê fazer

E enquanto isso eu continuarei a escrever para você ler

O quê esses meus poemas tanto clamam

Eu continuarei a escrever pra você

Sobre esse amor provinciano

Que se perderá algum dia e depois voltará

Mas não por você, mas com o mesmo pesar

Mas com a mesma dor,

Mas com o mesmo ardor

Mas com o mesmo amar sem amar

Emanuele Valente
Enviado por Emanuele Valente em 27/05/2008
Código do texto: T1007472
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