Por mais que eu diga...
Exponho-me aos libertinos e aos severos,
Dispo-me de mim de frente para o mundo,
Enfrento leis, moral, os céus e os infernos;
Sem remorsos, no mar jogo-me ao fundo.
Quero mesmo é correr perigos maiores,
Sentir o prazer total de viver em riscos,
A honra não me importa, meus senhores!
Nem hipócritas falanges, deuses ou fiscos!
Ofereço-me, sou minha jóia mais preciosa,
Mas não me satisfaço apenas eu em mim;
Quero, e sempre serei, a outra de mim, zelosa,
Aquela que de amor me tornará tu sem fim.
O vento, quando cavalgar sobre as ravinas,
Com sua voz salpicará de nós o universo,
Espalhará este amor lido nas riscas finas...
Ah! Quanto fica ainda por dizer este verso!
Janeiro, 2003