O tempo não para (I I)*

...Então sentei e chorei

como criança,

num flash, vi que não lutei

o suficiente que tu merecias,

que o nosso amor merecia.

Como fui injusto ao nosso amor

dei as costas à amada.

Deixei o futuro passar,

amarelar, murchando meu ser.

Gritos sufocados entoados ao léu

sem serventia mereço gritar;

como posso me punir?

Deixei-te a mercê

dos sentimentos canibais

na intolerância dos famintos.

Hoje,

olhando o pôr-do-sol na lagoa, só

ecoam risadas, caricias, palavras,

às margens de meu ser;

que corre como um rio sem dono

mas sempre com o mesmo destino.

A solidão que grita em minha cabeça

que chama por um menino,

que se escondeu e não sabe sair da escuridão.

Emergindo do suor

aos poucos,

livro-me de teu amor

tenho que viver bem,

contigo hoje só na lembrança

e viver tranqüilo sem ressentimentos,

pois não posso me condenar

tenho que ser feliz,

mesmo só, mas contigo no coração.

* Esse texto é continuação do poema de mesmo título do livro “Amores havidos” de 2005.