O ANJO DA ASA PARTIDA...
Em tarde ensolarada
Um Anjo aqui entrou
Chamou-me de “deusa amada”
E depois se afastou...
Muitas vezes ele veio
E fez-me ver que também
Eu era um Anjo! E pensei
Amamos-nos, aqui e no Além...
Os dias foram passando
A primavera chegando
E nosso sonho também...
Então veio a tempestade!!...
- Vou-me embora, é pro teu bem!...
E levaste a metade
De tudo o que sou! Alguém
Riu-se muito deste pranto!...
(Levaste até o Acalanto!)
E eu fiquei sem ninguém...
Contigo eu sentia as asas
A rufar em melodia,
E contigo eu voava
O mais alto que podia!
Então...
Debrucei-me sobre mim
Chorei e adormeci...
Sem sonhos, por ter um fim
O amor maior que senti...
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Quando, um dia, acordei,
Senti uma dor lancinante!
Olhei ao redor e vi
Com pavor alucinante
Que uma asa eu perdi...
-Eu perdi... Ou a levaste
Para que eu nunca mais voe?...
Por que tanto me magoaste?...
Nem queres que um canto entoe?...
Não sou eu, não mais o Anjo!
Pobre mortal conspurcada...
A divindade de Arcanjo
Foi por ti bem maculada...
E agora... Que posso esperar?...
Sou anjo de asa partida!...
Mas também não sou mulher:
Sou uma loba ferida
Que a nada aspira, nem quer!...
Não mais sou Anjo. Sem asa
Como é que vou voar?
Mas também não tenho casa
Para a mulher abrigar...
Resta uma asa em meu corpo...
Um pouco de Anjo e mulher...
Dois mundos em um só corpo
Mas que nenhum deles quer...
- Não queria ser um Anjo!
Mas queria ser mulher!...
Ou, quem sabe, ser um Anjo
Em outro mundo qualquer...
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Virei-te as costas... E vou seguir meu caminho...
Caminhante entre dois mundos
Conflitantes entre si...
Seguem-me os pingos de sangue
Da asa que eu feri...
Um dia lembrarás o meu carinho...
Talvez, no futuro, exangue,
Extenuado, me chames...
- Mas não estarei aqui...
Ficou contigo o sinal
Do Anjo que fui, sem igual:
-Tens minha asa partida!...
Talvez um dia te lembres
Do tamanho da ferida,
Do quanto fizeste mal...
- Que as três asas não te pesem
No teu instante final!...
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Nota: poesia inspirada no avatar que coloquei. Já estava cansada de mim....