Louco para amar
Ultimamente
Creio estar tão desajustado
Que um litro de conhaque
Faria de mim um homem mais estável.
E pareço-me ainda
Mais idiota
Quando meus dentes salivam
Contentes no azul
De um espelho desanimado.
Chateei, antes,
Três pares de andorinhas
Sentimentais.
E tirei baldes de lágrimas
Do azulejo de um zoológico.
Mas de tantos dias farejar
Goteiras ativas, pintadas a óleo,
Encontrei nas orelhas corcundas
De uma mulher,
Uma caverna para minha garganta.
Quantos ciscos queixosos
Suicidaram-se,
E nem notaram a ligeireza
Com que meus pés
Despejam-se sobre as pegadas
Da mulher que me tem.
Mas ultimamente,
Tenho tirado tantos corações
De uma cuia de chimarrão,
Que desisti de tentar queimar
Pastéis no fundo do mar
Morto.
E confesso com um grito
Que agulha minhas estrias:
Eu clamo os ombros
Da mulher que tem
As pupilas minhas.