Sonho antigo
À Rosilene Pires.
Se amanhã eu te encontrar,
Ó bem amada,
Eu colherei algumas rosas
Para lhe ofertar.
Se, porem, a chuva vier,
Grande amor que desconheço,
Eu secarei os teus cabelos
Com o calor de um sonho antigo.
E se quiseres caminhar,
Sem lenço ou documento,
Eu trarei alguns versos de Vinicius
Para cantarolar ao seu ouvido.
E, se acaso cansar,
Musa de minha solidão poética,
Eu lhe oferecerei o capim orvalhado
Para que possas recompor o ânimo.
Quando a noite vier solitária,
Destas que nos inspiram a escrever,
Eu ascenderei uma fogueira
Com gravetos de minhas ânsias infantis.
Mas, se acaso não sofrer,
Se o balé das estrelas incitarem um sorriso,
Eu respeitarei a sua ânsia por felicidade
Admirando-a em silêncio.
No entanto, se acaso eu nunca lhe conhecer,
Vênus sem face, fique com este desvario de poeta,
Louco e retumbante, algodão pisoteado,
Ansioso de amor e pleno de esquecimento.