Amor em quatro estações

Amor de inverno,

por que não eterno?

Se o tempo é frio,

mas os corpos quentes

cedem a calafrios.

Por que não eterno?

- Não sou eterno

porque há outras

estações do ano.

Amor de verão,

por que tão efêmero?

Se és tempo de febre

das paixões tórridas,

máscaras e folias,

nudez feita em sol.

Por que és efêmero?

- Sou efêmero

porque mataria

sequencia de gozos

qualquer ser humano.

Amor de primavera,

por que tão mágico?

Se sempre enganas

bons presdigitadores,

sem deixar no oblívio

cair tuas todas cores.

Por que tão mágico?

- Sou assim tão mágico

para vir a ser saudade,

mesmo que fim trágico

ceife minha beldade.

Agora amor de outono,

por que és depressivo?

Se as folhas caídas

da tua imensa árvore

servirão de húmus

para mais novas flores.

Por que és depressivo?

- Não sou depressivo,

são poetas loucos,

torpes, macambúzios,

que me lançam labéu

de ser assim tristonho;

sou um amor qualquer

nasço também de idílio,

que só vivem em sonho

vates tolos, incoerente,

que em cânticos d'amor

cantam quem não sou.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 24/02/2009
Reeditado em 09/01/2010
Código do texto: T1455511
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