Amor em quatro estações
Amor de inverno,
por que não eterno?
Se o tempo é frio,
mas os corpos quentes
cedem a calafrios.
Por que não eterno?
- Não sou eterno
porque há outras
estações do ano.
Amor de verão,
por que tão efêmero?
Se és tempo de febre
das paixões tórridas,
máscaras e folias,
nudez feita em sol.
Por que és efêmero?
- Sou efêmero
porque mataria
sequencia de gozos
qualquer ser humano.
Amor de primavera,
por que tão mágico?
Se sempre enganas
bons presdigitadores,
sem deixar no oblívio
cair tuas todas cores.
Por que tão mágico?
- Sou assim tão mágico
para vir a ser saudade,
mesmo que fim trágico
ceife minha beldade.
Agora amor de outono,
por que és depressivo?
Se as folhas caídas
da tua imensa árvore
servirão de húmus
para mais novas flores.
Por que és depressivo?
- Não sou depressivo,
são poetas loucos,
torpes, macambúzios,
que me lançam labéu
de ser assim tristonho;
sou um amor qualquer
nasço também de idílio,
que só vivem em sonho
vates tolos, incoerente,
que em cânticos d'amor
cantam quem não sou.