APELO

Quando o mar se atira contra o rochedo,

Entre espumas descarta-se em marés;

Plúmbeas nuvens o céu cobrem de medo

Que em águas se desfaz sob os meus pés.

Quando a boca do monte cospe lava,

O chão lambendo com línguas vermelhas;

Arando a terra, rosna o vento em brasa,

Dos casarios mastiga as frágeis telhas.

Quando, no paraíso, a tal maçã,

De sabor a pecado e sem perdão,

Na boca teve gosto de manhã,

No corpo pulsou dor e novação.

Amor é chama, é fogo visceral;

É o apelo da vida: pão e sal!

RJ/22.05.09