Agora eu sei

Agora eu sei! (Mas por que custei tanto a perceber, meu Deus?)

Agora eu sei que nós dois somos tão diferentes

Que, por mais que a gente se ame,

Que por mais que a gente se engane,

Nós dois nunca estaremos contentes!

Agora eu sei que, se formos em frente,

Tudo isto que hoje é só diferente, sem querer vai virar desamor.

Sei que vamos chorar, com certeza,

E nos despedaçar de tristeza, de tão grande que fica esta dor.

Mas estamos tentando o impossível:

Juntar mundos que estão tão distantes e não ver o que está tão visível!

Somos o fruto de doces instantes que nos deu de presente o Infinito!

Foi um sonho que nós dois vivemos num momento tão pleno e bonito!

Um momento, porém, só de encontro - passageiro, como é qualquer sonho!

Vem tão lindo, e nos faz tanto bem,

Chega como um presente de alguém,

Mas é só um agora...

Pois depois, do jeitinho que veio, vai-se embora!

E a gente então chora a saudade,

Quer fazê-lo real, de tão lindo, quer fazer daquele instante algo infindo,

Mas a vida nos chama à verdade: foi um breve encontro com a alegria,

Um desafogar da fantasia que trazemos bem dentro do peito!

É um momento mágico e tão belo que nos vem de um mundo paralelo

Ao qual nos sentimos ter direito!

Mas esse momento também passa e, ao fugir, nos leva toda a graça

Por trazer de volta a realidade.

E é aí que aumenta o sofrimento, por perder tão mágico momento...

Quando então se chora de saudade!

Neste sonho em que vieste,

Eras um corpo celeste

Muito lindo, reluzente,

Cortando o meu infinito.

Quis deter-te mais tempo comigo, transformar-te em meu par, meu abrigo,

Sem notar que prendia o teu grito!

Pois estava mudando a tua estória e invertendo toda a trajetória

Que traçaste pro teu universo.

Sem notar coloquei-te em meu trilho, sem querer fui tirando o teu brilho,

Transformando-te em um ser tão diverso!

Mas como parar na Terra um meteorito?

Como transformar em algo tão perene

o que nasceu para ser apenas um momento,

Algo justamente que é tão bonito

Quando nunca pára, e nunca é solene,

E a própria vida vem do movimento?

Somos esses astros, tu e eu, que agora

Tiveram um só momento ao cruzar no espaço...

E, de tão bonito o nosso encontro e a hora,

Quase nos perdemos nesse abraço.

Deves retornar à tua trajetória,

E eu, voltar à minha velha história,

Já como era dantes deste instante...

Fica-me a lembrança do teu riso...

Fica esta saudade tão cortante

do que pareceu, num breve instante,

Ter-se vislumbrado o paraíso!

Luiz Roberto Bodstein
Enviado por Luiz Roberto Bodstein em 30/06/2006
Reeditado em 13/02/2012
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