Colina do Sol

Ah, como eu quero me perder nessas colinas

De verdades afloradas em corpos nus,

De pés descalços pisando suas areias,

De tanto encanto envolvido em brilho e luz

Nas florestas de cores vivas, femininas,

Que escondem boitatás, sacís, botos e sereias

Cujo canto irresistível me seduz...

E entre os seixos e água cristalina

Do riacho vou sentar-me à beira

Bem distante dos olhares da malícia

E depois entrar nu na cachoeira...

Só vestir-me com o sol, quanta delícia!

E despido de quaisquer falsos pudores

Tendo o corpo acariciado pelo vento,

Deitar no solo, ao calor dos mil amores

De que tanta natureza me abastece,

Nos tons de um fulgurante dia que anoitece

E a alma nua faz vibrar, com tantas cores.

E fazer das suas águas o meu sangue...

E fazer de sua terra minha carne...

E fazer desse seu ar esse alimento

Que me adentra o coração e então me acalma,

Colocando-me no exílio do restante do planeta

E guardando no seu seio a minha paz e a minha alma!

Luiz Roberto Bodstein
Enviado por Luiz Roberto Bodstein em 30/06/2006
Reeditado em 04/04/2021
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