O meu deserto...

Atravesso o deserto...

A tempestade de areia me impede de escrever

E eu estou sozinha...

Tu não estás por perto

E outro não me fará viver...

Alma caminha...

Paira o luar...

O luar no deserto é lindo!...

Procuro um oásis

Mas só tenho miragens...

As grandes ondulações mudam de lugar

E me sinto perdida

Nesta areia quente quando nasce o sol

E gelada à noite, como noites sem luar...

Queria minha cama

E os abraços teus...

Mas me fiz andarilha...

Na noite silente

Ouço o palpitar do meu próprio coração...

As ondulações mudam de lugar

E não me atrevo a olhar para as estrelas...

Não tenho para onde ir.

Sobrou-me o meu próprio caminhar...

A lua se esconde

Para não me ver chorar...

Estou no meu deserto

Despida de minhas vestes nupciais...

Queria comer tâmaras

À sombra das palmeiras

Num espelho d’agua

De algum oásis...

Mas apenas resta-me o deserto

E para qualquer lado vou. Que importa?

Quando não se tem para onde ir

Qualquer lugar é lugar...

Não interessa para onde caminhar...

Lágrimas misturam-se à areia

E meus pés sangram...

Mas sangra mais este silêncio

Nesta noite em que até o luar

Se escondeu depressa

Para não me ver chorar...

Não me lastimo:

Escolhi o trilhar...

Tento avançar

Mas em círculos caminho...

Não tenho onde descansar...

Em uma cama, recoberta de cetim,

Uma rica senhora sorri...

E eu, sem qualquer revolta

Estou aqui...

- No meu eterno buscar...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 03/12/2009
Reeditado em 03/12/2009
Código do texto: T1957542
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