O NADA
a Valéria M. Brandão

Eu que fui Tudo,
Eu reduzido ao Nada.
Tu continuas Tudo,
Eu, apenas triste e mudo.
Mas se o Nada existe,
O Nada perdoa
Simplesmente por Nada.
Eu te perdoo,
Perdoo-te por me odiares,
Mas há de brotar um novo Tudo
Deste Nada que restou,
Porque de coração te perdoo
Por este Tudo
Que mais Nada sou!

NOVAIS NETO. Flutuando na Areia. Salvador: NN, 1988, p. 10. 112p.