A SUA CHEGADA

A SUA CHEGADA

A sua chegada, assim, sem prévio aviso,

sem sinais de advertência, sem fogos de artifício,

sem relâmpagos riscando a noite escura,

sem melodia, sem sinos, sem loucura,

só raios de luar no meu sorriso!

Suave, como o dia que amanhece,

deixando nos meus lábios sua prece,

desperta do sonho uma paixão antiga,

que até mesmo a solidão, amiga,

surpresa, comigo envaidece.

Eu, que aflito, procurava os seus sinais,

entre planetas nos espaços siderais,

buscava o brilho que vem da sua estrela,

no pedaço do infinito, em que ao perdê-la,

perdi minha metade mais fugaz.!

De lá, a minha luz se separou da sua

porque iludida pela luz da lua

seguiu para esta porção do espaço

supondo acompanhar seu passo

e veio dar na minha rua.

Na longa noite em que estive à sua espera,

meus olhos percorreram a atmosfera

esquadrinhando mil vezes o universo.

Mil vezes em busca do meu verso,

mil vezes vasculhando a estratosfera...

Enquanto parte da minh´alma procurava,

por mais que buscasse não a achava,

pois num canto do infinito a escondê-la,

no canto em que acreditava vê-la,

Outra parte da sua alma me buscava!

Paulo Sergio Medeiros Carneiro

S. Paulo, Capital

22 e 23 de março 1999.

Comentários do autor sobre o poema:

Engraçado é que ao ler este poema, ninguém acredita quando digo que não havia nenhuma mulher especial a me inspirar no momento em que foi escrito. Costumo dizer que este poema não é meu pois me foi revelado em sonho. Acordei em uma manhã de segunda-feira com esse poema pronto, vindo em sonho. Nesta época fazia mestrado na USP e não estava trabalhando, só estudando. Tinha, portanto, como organizar melhor o meu tempo. Assim que acordei, fiquei espantado com a lembrança nítida que tinha das frases e estrofes e, principalmente, pela "revelação" que me havia sido dada como presente. Imediatamente peguei papel e caneta e escrevi as primeiras linhas. De repente, o poema se foi, do mesmo jeito que viera. Passei dois longos dias e duas longas noites torturantes tentando me lembrar do que havia perdido. Engraçado é que tinha coisas importantes a fazer, mas não achei que fossem mais importantes que recuperá-lo. Consegui aos poucos e à duras penas. Só uma frase foi perdida e foi meio "remendada" pois até hoje não a encontrei em minhas lembranças ("mil vezes vasculhando a estratosfera"). Como sinto que o poema me foi dado de presente, acho que a verdadeira razão deste presente é partilhá-lo com quem me lê. Espero que cada um encontre o verdadeiro sentido para si.

Paulo Sergio Medeiros Carneiro
Enviado por Paulo Sergio Medeiros Carneiro em 13/09/2006
Reeditado em 01/02/2011
Código do texto: T239125
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