A rosa e o espinho
Ela é suave e delicada, perfumada e sensível
Ele é bruto e indelicado, grosseiro e perigoso
Ela é encantadora, deslumbrante e tangível
Ele é indesejável, desnecessário e doloroso
Ela é a rosa que a todos enternece e seduz
Ele é o espinho que a todos fere e incomoda
Ela é o néctar que a mais pura beleza produz
Ele é a parte que ninguém vê, ninguém nota
Mas a rosa sem o espinho não se faz por merecer
O espinho, sem a rosa, pra viver não tem motivo
Os dois seguem juntos em um constante querer
E o espinho segue feliz por ser da rosa seu cativo
A rosa vive formosa e altiva no topo do roseiral
E o espinho, sestroso, escondido na ramagem
Admira sua protegida com um carinho especial
Sabe-se privilegiado por contemplar tal imágem
De que lhe importa ser feio, bruto e indelicado
E se à todos pode causar asco ou mesmo temor
Se diariamente por tamanha beleza é arrebatado?
Nada lhe aflige se tem como recompensa a flor.
Com a rosa nasceu, viveu, e com a rosa perecerá
Não poderia sentir-se o espinho mais afortunado
E em seu leito de morte, seu perfume o embalará
Morte mais doce não teria nem o mais belo cravo.