AS VIRGULAS COM AMOR

AS VÍRGULAS COM AMOR.

Para a menina Thaíse:

Na verdade, uma linda mulher.

E que mulher!

Minha prezada copydesk, eu não usarei as malditas vírgulas, acho que aí atrás já precisava de uma.

Na verdade, eu quero escrever para ti sem as malditas pausas que a gramática manda usar.

Só usarei o ponto final como o que logo acentuarei, para te escrever sobre o amor.

É verdade, minha doce e linda morena, hoje, eu quero te falar de amor.

Ah, esse sentimento que às vezes balança com a gente.

Mas, na verdade minha doce morena, ele é necessário na vida para que, possamos equilibrar as ansiedades e os desejos, como também, as frustrações que habitam as nossas profundezas.

Quem não as tem?

Muito tenho falado e escrito sobre o amor, agora, vou te confidenciar uma coisa: ainda não sei o que ele é na realidade, acho que ainda não o encontrei.

Ah, ponha as vírgulas aonde tu achares necessário e como manda a mutável gramática, eu quero mesmo é que, um dia, me digas realmente o que é o amor.

Eu estou a quase sessenta anos palmilhando esse caminho e ainda não sei o que ele realmente é.

Quem saberá?

Talvez seja um doce engano, uma magia, um encantamento na vida.

Eu acho que não me encantei.

Não sei se ele é como o descrevo ou ele é outra coisa que não consegui sintonizar.

Às vezes, penso que o meu tipo de amor é metafísico, coisa de alma.

E aí, não me dou bem com o amor terreno, material, físico, mas, na verdade, eu sinto falta desse amor humano.

Aonde ele andará?

Quero que tu o encontres e me comuniques, nem que seja com um telegrama etéreo, dizendo-me, assim:

“Senhor Eráclito pt O amor existe vg ele é muito bom vg transforma a gente vg estou amando pt”.

Mesmo não o conhecendo, eu posso tergiversar a respeito dele.

Seria o amor um porto de carícias?

Seria o amor uma tremedeira nas pernas?

Quem sabe um nervosismo sem sentido?

Ou quem sabe ainda, a gente passar a ver as crianças como anjos e as flores se vestirem de uma policromia diferente, nunca vista, parecendo celestiais?

Seria apenas um sorriso que sacode o nosso coração e provoca rumores novos?

Eu já passei por todas essas situações e ele não me foi verdadeiro.

Mentiu ingrato!

E eu pensei que tinha encontrado o amor na minha vida, mas foi apenas o adejar de um anjo bonzinho empoleirado em mim.

Seria ele o amor?

Por isso, eu quero que tu o encontres para mim.

Eu não tenho mais tempo para procurá-lo, a não ser que, surja um fato novo, e aí, eu direi ao amor:

- Agora é tarde!

Não te quero mais, pois tu foste um safado me enganando na juventude, na madura idade e ainda pretendes me enganar nesta dorida senescência!

Idealizei um amor que nunca existiu.

O amor dos humanos é flébil.

Tomara que tu encontres um amor que não seja efêmero para ti.

Um amor que seja para ti um real porto de carícias, uma verdadeira entrega de almas, uma possessão de espíritos, uma comunhão de vontades e desejos.

Talvez, um dia, quem sabe, há alguns séculos nos avistaremos no túnel do tempo e tu dir-me-ás:

- Senhor Eráclito é o senhor?

E eu dir-te-ei:

- Dona Thaíse é a senhora?

- Que tal, encontrou o amor lá embaixo?

E tu dir-me-ás novamente:

-Sim, Senhor Eráclito, eu o encontrei e ele me fez queixas suas, porque o senhor desistiu de procurá-lo, pois estava bem próximo e também passou sessenta anos esperando pelo seu olhar.

Desta feita, nos sentaremos devidamente translúcidos na primeira nuvem solteirona que passar e, nessa ocasião, tu me contarás tudo, segredando-me onde ele esteve esse tempo todo.

Para uma linda mulher que procura o amor.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/11/2006
Código do texto: T298101