Doce flor
Oh flor dourada dos jardins resplandecentes;
oh linda rosa dos meus sonhos tão fiel.
Tu que visitas o meu sono tão freqüentemente,
e que floresce os verdes campos de papel,
Tu que penteias, do horizonte o pelo vasto;
e que caminha no mais vívido esplendor.
És como o céu que esconde o alabastro,
és como a nuvem que do céu esconde a cor.
Ah quem me dera ter-te nas mãos tal como ave,
prisioneira em meus sonhos de amor,
ter como nota principal, como na clave...
ter como o som do gorjeio abrasador.
E já não tenho doce voz como de escuta;
nem sei cantar tão ardente e louco amor;
e já não faço do poema uma cicuta;
e já não tenho em pranto amargo viva cor.
Só sei que sonho com a luz dos olhos belos,
me iluminando com mais lindo resplendor,
só sei viver com teu rosto em tenro anelo,
anelo rude que se tenra ao vero alvor.
E o sol dourado que te inveja tanto brilho,
se esconde tímido no varal da imensa dor.
E uma jornada em teu corpo assim trilho
na luz divina dos teus olhos, oh doce flor.
Zezinho França