A BELA DA TARDE

Amo a dona

Que passa pela minha rua,

Todas as tardes

Quando o sol se poe no céu.

Metida dentro

De um vestido apertado,

Com o guarda chuva enfeitado

De rendas e véus.

Amo o sorriso vergonhoso,

O jeitinho malicioso,

Com que ela me vê.

E eu meio sem graça,

Escondido por traz da vidraça,

Só pra fazer pirraça.

Finjo não perceber.

E lá vai ela rua abaixo,

Com a brisa mansa

Desmanchado seus cachos,

Que deslizam suaves, no mesmo compasso.

Negros cabelos, presos por um fino laço.

Seu perfume de flores espalha-se pela rua,

Acredito até que entonteça a lua,

Que muito indiscreta

Mostra-se enciumada.

E eu debruçado á janela

Sigo os passos dela,

Até seu vulto sumir pela calçada.

Ah; vão se as noites, vem os dias.

E eu fico cismando em perguntar

Aonde iria minha Bela Da tarde?

Quem seria o alguém que ela iria encontrar?

Mas pra que desvendar este doce mistério?

Se eu sei que amanhã ela irá retornar.

E eu com certeza estarei á janela,

Esperando ansioso para vê-la passar.

Rusth
Enviado por Rusth em 21/01/2007
Código do texto: T354529