O tempo que temos e o que aproveitamos
Sou menos eu do que era antes
Cada dia mais distante do meu nascimento
Sinto-me um elefante dentro de rédeas
Uma mera criança velha e sem graça
E penso: tudo poderia ser mais elegante
Amar sem medo e ser mais inteligente
Estar bem acompanhado em todos os momentos
...
Há um perigo ao meu ego reprimido
Amar, diz o meu poeta escondido, é correr perigo.
Um risco à saúde
Obceção, ciúme, poções, magias e alegrias
Coisas que não existem fisicamente
Mas que estão presentes
...
Não há muitas alegrias no amor, por medo ou aflição
Mistérios, rios subterrâneos, morte
Tudo junto e presente
Sinto-me assim, entre o nascimento e o fim
Vivendo cada dia, cada parte como o último momento
O apocalipse de cada segundo
O tempo, o tempo, o tempo...
...
Tento ser claro, não errar, ser amigo como um cão sarnento
Daqueles que ainda lambem seu dono
Mesmo chutado
Determinado a todo instante
Mas posso parecer só insistente como um faminto e sem osso
Tudo pelo pavor do só
...
Sinto-me às vezes confuso com os sentidos
O passado e o presente
Os sentimentos os juízos
Me firo é certo com meus erros e com palavras que digo
Às vezes tudo se transforma em um tango antigo
Amplificado
Encruzilhado
...
Bicho danado que sou
Pra cada letra que aprendo, decoro um dicionário
Um calo que me nasce é como um murro no olho
O tempo, o tempo...
O tempo que temos e o que desperdiçamos
O ciúme é um crime, enfim. Concluo.