AMOR À PRIMEIRA VISTA
Eu acredito
No amor à primeira vista
E um dia
Falaram-me de uma rapariga
Que me conhecia
Mas eu nem por isso
A curiosidade foi tanta
Que mandei um bilhetinho
Depois vem uma carta
Duas cartas
Três cartas
Todas com resposta
Aproximam-se os meus anos
Convido-a para um café
Um telefonema
Dois telefonemas
Três telefonemas
A voz era agradável
Clara divertida
E eu pensava
O resto deve ser igualzinho
Ideias pensamentos ideais
Tudo se encaixava
Tudo se conjugava
Dizia que tinha olhos de chinesa
Pequena e estreita como eu
De costas para o velho Chiado
Com Fernando Pessoa ao lado
As conversas desfiavam
Nada devendo aos poetas
Em suas tertúlias
Veio o jantar
E tÍnhamos os mesmos gostos
Conheci mais bonitas que ela
Mas ela era linda
Por dentro e por fora
Horas depois
Deu-me boleia até casa
Lembro-me do último sorriso
Como se fosse um até já
Disse que a amava
E até hoje
Nunca mais a vi
Nem a ouvi
Mas continuo a acreditar
No amor à primeira vista