AMOR À PRIMEIRA VISTA

Eu acredito

No amor à primeira vista

E um dia

Falaram-me de uma rapariga

Que me conhecia

Mas eu nem por isso

A curiosidade foi tanta

Que mandei um bilhetinho

Depois vem uma carta

Duas cartas

Três cartas

Todas com resposta

Aproximam-se os meus anos

Convido-a para um café

Um telefonema

Dois telefonemas

Três telefonemas

A voz era agradável

Clara divertida

E eu pensava

O resto deve ser igualzinho

Ideias pensamentos ideais

Tudo se encaixava

Tudo se conjugava

Dizia que tinha olhos de chinesa

Pequena e estreita como eu

De costas para o velho Chiado

Com Fernando Pessoa ao lado

As conversas desfiavam

Nada devendo aos poetas

Em suas tertúlias

Veio o jantar

E tÍnhamos os mesmos gostos

Conheci mais bonitas que ela

Mas ela era linda

Por dentro e por fora

Horas depois

Deu-me boleia até casa

Lembro-me do último sorriso

Como se fosse um até já

Disse que a amava

E até hoje

Nunca mais a vi

Nem a ouvi

Mas continuo a acreditar

No amor à primeira vista

Policarpo Nóbrega
Enviado por Policarpo Nóbrega em 04/10/2013
Código do texto: T4511426
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.