Mãos das artes (Para o artísta plástico, fotógrafo e poeta AR)
Ah
Quer matar-me o sofrimento
De não ter podido amar-te
Ao tempo
Faltou-me coragem...
Como ainda faltaria agora
Vi, claro que vi teu olhar
Nos tons verdes e azuis das tuas pinturas
Na nudez amorosa e curvilínea da tua arte
Me chamava e clamava
O tempo todo
Ainda hoje dispara meu coração
E sinto as lágrimas jamais derramadas
Jorrarem feito criança a soluçar
Amando-te tanto
Tive que correr
Precisava crescer
Amadurar-me
Para peitar o mundo feito homem
Feito mulher de classe
As escolhas fazem vertiginar
Umas cortinas loucas e ardentes
Tocamos fogo em umas
Deixamos mais calmas as outras
Mas
Já disse e aviso, caso me aporrinhe
Este amor que carrego forte e verdadeiro
De agora
Que a ele entrego minhas virtudes, chamas
Fraquezas e caveiras, que quando me abandonares
Com insultos e não mais admirar-te
Tornarei a casar-me sim
com as mãos das artes
(Meyre Carvalho Marques)