Mãos das artes (Para o artísta plástico, fotógrafo e poeta AR)

Ah

Quer matar-me o sofrimento

De não ter podido amar-te

Ao tempo

Faltou-me coragem...

Como ainda faltaria agora

Vi, claro que vi teu olhar

Nos tons verdes e azuis das tuas pinturas

Na nudez amorosa e curvilínea da tua arte

Me chamava e clamava

O tempo todo

Ainda hoje dispara meu coração

E sinto as lágrimas jamais derramadas

Jorrarem feito criança a soluçar

Amando-te tanto

Tive que correr

Precisava crescer

Amadurar-me

Para peitar o mundo feito homem

Feito mulher de classe

As escolhas fazem vertiginar

Umas cortinas loucas e ardentes

Tocamos fogo em umas

Deixamos mais calmas as outras

Mas

Já disse e aviso, caso me aporrinhe

Este amor que carrego forte e verdadeiro

De agora

Que a ele entrego minhas virtudes, chamas

Fraquezas e caveiras, que quando me abandonares

Com insultos e não mais admirar-te

Tornarei a casar-me sim

com as mãos das artes

(Meyre Carvalho Marques)

Meyre Carvalho MEY MEY
Enviado por Meyre Carvalho MEY MEY em 16/04/2007
Reeditado em 18/04/2007
Código do texto: T451483