PRIMAVERA
Concedo-te a primavera. A minha
primavera. A que mora dentro de mim.
Onde há risos de festeiras crianças,
revoar de pássaros, floradas, rodas, azulados
finais de tardes, também prateadas
noitadas de luar. Dou-te agora a primavera.
A minha primavera, para te recompor
da árdua caminhada.
Desapontamento no olhar, de certo
tentará reclamar dos equívocos e culpar
nossos desencontros juvenis.
Eu, carinhosamente taparei seus lábios.
Porque em minha primavera as dores são
tratadas de maneira especial. As dores
d’alma são transformadas em lições
adubos para a robustez de uma nova flor
E maravilhado verei ressurgir a menina
as rugas (marcas da implacabilidade do tempo ) aos poucos se dissiparão
voltarás a rir-se de tudo,
até do nada, como antigamente
Te lembras?
E espontaneamente em fim
me darás a rosa escondida
rosa cobiça, escondida em tua amada geografia.
Ofegante e assustada me olharás
e antes que esboce um desses be a bás das convenções
eu te chamarei de menina.
Sim! Menina. A minha menina.
“Louco! Sempre louco!”
Dirás talvez por dentro.
Concedo-te a primavera.
A minha primavera.