A MOÇA DA JANELA

Distraído a passear, um dia
Deparei-me com uma paisagem agreste e bela
E numa casa do lugar, nas cercanias,
Estava aberta ao vento uma janela...

A tarde se fazia, e curioso então,
Cheguei à janela e, atônito, vi
Uma moça tão linda, que, de emoção,
Quis sair andando, mas fiquei ali.

Parado, olhando aquela musa,
Deitada em pleno sono de verão,
Julguei profana minha presença intrusa,
Quis fugir,...mas dominou-me o coração!

Extasiado, à voz dos meus sentidos,
A olhar, inerte, eu comovido estava,
Quando, em sonolentos e suaves gemidos,
Percebi então que ela acordava...

Em silêncio mudo de feliz surpresa
A moça levantou-se e sorriu pra mim...
Pensei estar num sonho de encanto e beleza.
A razão disse: não!...O coração disse: sim!

Sem palavras..., como num passe de magia,
Chegando-se à janela, ela me beijou...
Perdi-me no espaço!...no cair do dia...
Achei-me nos seus braços!...e feliz me [amou. (.......)

Já era noite alta..., num beijo furtivo
Despedi-me da musa – lindo sonho meu!
E ao olhar da janela o amante fugitivo,
Murmurou baixinho: - volta, meu Romeu!
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Passaram-se meses..., findaram-se dias...
Nunca mais voltei àquelas cercanias.
Mas um dia eu volto a procurar por ela
– A minha Julieta!... A moça da janela!...


SGV. (27/02/1994)