Ultimatum

Apenas hoje, escuta-me!

Permite que o vento alise-te a fronte,

Como a mão antes ofertada, deixada aberta e vazia,

Como a voz que não calou, mas que não foi ouvida,

Nem em brisas, nem em sombras.

Libera o açoite do trigal, feito loura cabeleira.

A roçar-te a memória,

Quando tinhas meu peito no teu,

E meus cabelos de afagos.

Apenas hoje, cala-te!

Deixa que eu ecoe por tua morada,

Que alimente teus dias de calor,

Que minha voz te seja tão vital,

Que jamais me entonarias.

Apenas hoje, olha-me!

Enxerga o teu destino, o teu passado,

O teu agora, que não há tempo para mais tarde.

A vida não aguarda, e não baixa a guarda.

Apenas hoje, ama-me!

Cala, escuta, sente solto!

Leva esse amor para bem longe,

Para as estranhas, para o magma vitorioso.

Apenas hoje, deixa-me ser teu gozo!

Balneário Camboriú/SC – 04/05/2006 às 22:45h

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