CUMPLICIDADE PERDIDA

O tempo passou impiedosamente.

Restou pouco de mim

Pra você

E menos ainda de você pra mim.

Foi-se o tempo

Dos banquetes

E agora sobrevivemos de migalhas.

O amor ruiu?

Sei lá...

Percebe-se que uma grande amizade

O foi substituindo

E esta sim,

Faz mais falta do que ele.

Rimos das mesmas coisas

E não mais para as mesmas coisas,

Trilhamos os mesmos caminhos

Mas já não miramos mais

Os mesmos destinos,

Nas bifurcações

As nossas mãos, ao contrário de antes,

Separam-se:

- Eu vou para a esquerda,

Você segue para a direita

E o beijo de despedida

Despediu-se com o amor

Famélico de outrora.

Ah, o outrora!

Outrora, se você tapasse os teus ouvidos

Eu não escutava mais,

Se eu fechasse os meus olhos

O seu mundo escurecia,

Se você cerrasse os teus lábios

Minha boca ficava muda,

Se o teu coração se afligisse

Meus olhos derramavam o pranto,

Se a felicidade tomasse minha alma

Você jubilava como criança diante o brinquedo novo,

Se você perdesse o sono

Era eu que não dormia,

Se o espinho ferisse minha carne

A dor era você quem a sentia,

E digo até que se você perdesse a vida

Seria eu que morreria!

Mas e agora?

O que restou?

A canção que eu gostava

Era a canção que você curtia,

O filme que te encantava

Era o filme que me comovia,

A cor que eu amava

Era a cor que te seduzia,

O mundo com o qual você sonhava

Era o mundo que eu queria,

Os horizontes que eu vislumbrava

Era a bússola que te conduzia...

Os segredos que você guardava

Eram os mesmos segredos que eu tinha.

E agora?

O que restou?

O amor ruiu?

Nossa amizade cresce a cada dia.

É... o tempo passou mesmo

Impiedosamente por nós

E sobre nós!

Ai... ai... Que saudade do outrora!

luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 07/06/2016
Código do texto: T5660051
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.