Sepultamento
Acredito que eu perdera a minha inspiração,
Pelo fato de eu ter me tornado insensível à poesia que se alojou em meu coração.
Não consigo mais ouvir o que ela tem a me dizer,
Quanto mais entendê-la para depois escrever;
Durante muito tempo ela falou através da minha mão,
Que emocionou aos meus olhos e principalmente ao meu coração,
Porém, agora, ela tem se negado a se manifestar,
Tendo se refugiado no silêncio das madrugadas sem luar.
Parece até que ela está esperando a morte, como um vento, passar,
Para que, como uma pipa, ela venha se desprender e se deixar levar,
Sendo molhada pelas lágrimas dos mais tristes poetas
Que a impedirão de alcançar todas as suas metas;
Levando-a a cair no túmulo da solidão,
Que a impedirá de se expressar, novamente, através da minha mão.
Pois o tempo se encarregará de jogar sobre ela a terra do esquecimento,
Deixando apenas uma cicatriz, na forma de cruz, que marcará o seu sepultamento...