Chuva, chuva
Chuva, chuva
Uma cortina de pingos invade a atmosfera
Sopra excitada pela ventania
Na rua o volume supera
O vácuo movimenta-se e assovia
Mas alguém espera
Chuva, chuva
A cena é extravagante
Raios viram flash a valer
A efemeridade do instante
Esquecida não pode ser
A chuva que cai incessante
E um casal que deseja se ver
Chuva, chuva
Enquanto o chuvisco protela
A enxurrada pela rua escorre
Pessoas fecham as janelas
Passos apressados os beirais percorrem
Luminárias escapam paralelas
O desejo transborda recorre
Chuva, chuva
Carros fechados
Ruas distorcidas
Movimento encerrado
Uma porta escolhida
Escada. Mão. Um beijo alado
Chuva, chuva
Lá fora caindo
Dentro do quarto
Corpos despindo
Um amor tardio
De prazer explodindo
Cadê a chuva? Partiu
Chuva, chuva
A neblina vira um espelho
Silhuetas no alpendre a refletir
O céu um manto vermelho
A cidade pode dormir
Chuva que faz prisioneiro
Alguém que deseja e não deseja ir.