Chuva, chuva

Chuva, chuva

Uma cortina de pingos invade a atmosfera

Sopra excitada pela ventania

Na rua o volume supera

O vácuo movimenta-se e assovia

Mas alguém espera

Chuva, chuva

A cena é extravagante

Raios viram flash a valer

A efemeridade do instante

Esquecida não pode ser

A chuva que cai incessante

E um casal que deseja se ver

Chuva, chuva

Enquanto o chuvisco protela

A enxurrada pela rua escorre

Pessoas fecham as janelas

Passos apressados os beirais percorrem

Luminárias escapam paralelas

O desejo transborda recorre

Chuva, chuva

Carros fechados

Ruas distorcidas

Movimento encerrado

Uma porta escolhida

Escada. Mão. Um beijo alado

Chuva, chuva

Lá fora caindo

Dentro do quarto

Corpos despindo

Um amor tardio

De prazer explodindo

Cadê a chuva? Partiu

Chuva, chuva

A neblina vira um espelho

Silhuetas no alpendre a refletir

O céu um manto vermelho

A cidade pode dormir

Chuva que faz prisioneiro

Alguém que deseja e não deseja ir.

Sônia Portugal
Enviado por Sônia Portugal em 11/11/2016
Código do texto: T5819759
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.