Apaixonada, lápide

Meu corpo tomba, quase inerte.

E é o teu corpo, o meu jazigo...

Desfaleço...Realizada...

A vida basta-me !

Uso minha pena,

a trascrever nosso Ato...

Quem sabe um dia,

num destes alfarrabios,

um casal de apaixonados,

leia-nos...

"Senhores dos desejos,

e dos arroubos...

Senhores,

nas alcovas da paixão..."

Talvez neste dia, o que nos reste,

seja apenas a fria pedra,

de uma apaixonada lápide...

Cuja inscrição, sem redundâncias fale:

Aqui, em sua forma absoluta,

sobre este inefável Homem,

e sua forma, máscula e dissoluta,

cinza e una, jaz uma Mulher,

que um dia, amou, viveu,

e loucamente a ele desejou...

E que ao partir, sorriu e ainda ousou,

em versos, que o infinito acalentou,

mostrar ao Mundo, o quanto foi feliz!

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 09/10/2005
Código do texto: T58254