Feroz

Não quero este frio que me apavora,

nem quero esquecer,

que os reflexos dos meus olhos,

no espelho,

desnudaram de alma,

e corpo inteiro,

teu ser, que por trás do vidro,

refletia-se na ternura de um olhar...

Quero buscar teu perfume,

nos ares que me refrescam, e alienam,

onde confundo a brisa que passa,

com teu cheiro doce e invasivo,

de bicho no cio à procura de sua fêmea...

Quero o desejo,

que em mim borbulha,

me arrastando pelo Espaço,

com fogo e calor de astro,

na busca de tua imagem,

e minha transparência,

que fixei nos céus,

de qualquer lugar...

Não te quero um ponto distante,

preso ao infinito...

Sim a consciência de tuas verdades,

e tua declaração de amor à mim.

Seja na irreverência,

dos teus indiscretos olhares,

ou na profundidade,

dos teus insondáveis silêncios.

Quero-te inteiro e meu...

Ver teu corpo marcado,

nas dobras do meu lençol.

Sentir o atrito de tua pele,

roçando insinuante, na minha,

arrancando faíscas,

a iluminar nosso quarto,

e nesta hora,

confundir nossas carnes,

misturar nossos sangues, 

num pacto voraz,

com a Eternidade...

Quero teu gosto,

na minha saliva,

e de olhos cerrados,

capitular ao teu prazer...

Deixar que sussurros e gritos,

cravem nos teus ouvidos,

minha força e fúria,

a mesma,

comque a das minhas unhas, 

ferem tuas costas,

expandindo meu gozo...

Quero absorver teu líquido,

e fecundar minha alma.

E receber-te entre pernas,

com paixão e fantasia,

onde somos,

o enigma e a profecia...

Impregnar-me,

ao sentir teu perfume,

e ao provar teu veneno,

ser feliz,

embriagando-me,

ou morrendo de amor...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58381