Desenhos Inefáveis
Eu desfilei pela passarela da tristeza
Porque teus versos não me aplaudiam
Eu corri atrás daquela beleza
Que os espelhos ainda viam
Cansada, minha alegria parou
A plateia era meu próprio eu
O meu sonho se quebrou
Quando não me compreendi no teu
Sonhei e desenhei com toda ânsia do meu ser
As figuras mais perfeitas que encontrei
Ao longe tua luz tende a desaparecer
Mas foi com ela que eu me recriei
Rabisco as formas do meu amor
Incontido como folhas no ar
Quanto mais desenho sem pudor
Cada traço reflete o meu olhar
Desenho a tua alma nua
Como que pudesse fotografá-la
A imagem é fria e crua
Porque nem teu perfume exala
Pedi ao ancião do tempo
A reviravolta da ampulheta universal
Como resposta - apesar do meu lamento:
"Apenas em alguns momentos, o amor é imortal"