Recado às musas

esse lugar etéreo

onde vivem as deusas

as divas

as musas

sítios distantes

que os braços deste poeta não alcançam

por isso

fico daqui

tecendo loas

fazendo poemas

canções

laçando-as em temas

atraindo-as com palavras

pra ver se descem

de sua torres

no pantheon

no olímpio

lugar onírico

donde se escondem

e só nos mandam seus cheiros

leves nuances

uma imagem da suas belezas

miragens

e seu sons de sereias

esse lugar etéreo

deve ser o melhor

onde elas ficam tricotando

trocando e-mails

o tempo todo no bom:

salão de beleza

aparando seus pêlos à cera

deixando suas partes mais lisas

suaas peles no bronzeamento

fazendo ondas nos cabelos

massageando suas curvas e meios

seus seios

deixando a pela mais rígida

malhando

torneando suas carnes

esse lugar etéreo

deve toca música divina

pra inspirá-las muito

para que possam tecer seus versos

fazer suas mandingas

seus temperos

botar seus cheiros nas rosas

seus sabores nas frutas

seus aromas no ar

estrelas no mar

e brilhos nos céus

gostaria de saber onde fica

o caminho

desse lugar etéreo

com som estéreo

e telas de plasma gigantes

donde observam o mundo

e a nós toscos poetas

de poucas palavras

mas loucos e apaixonados

queria apenas

sentir o aroma deste sítio

beber desse ar

deleitar-me só de ver

essas musas todas

ou somente aquela

de perto

quem sabe lhe dar um beijo

passar a mão

alisar sua pele

sentir seus pêlos

ou a ausência deles

Quereria ver a rosa dela ao vivo

sentir suas pétalas

dedilhar-lhe como viola

fazer loas de improviso

na beira de um dos seus sete lagos

no meio das flores

ter suas ancas largas perto

olhar absorto

e se der

avançar mais um pouco os sinais

e tudo mais que um mortal não tem vez

de fazer com uma deusa