DE TANTO AMAR
Quando te vi, súbito, ornou-me o espírito
A esperança de que me pudesses amar.
Não há promessa mais vã
Nem uma que mais engane
Que mais se negue à virtude
Do que a promessa de amor puro.
Este, o amor, expressa com toda a excelência
O pendor comunicativo dos homens.
E ao amar-te assim, profundo
Eu, egoísta que sou, intimamente
Me ligo ao mundo.
Amo-te, pois, para ser tu
Compassivo como o amor pranna
A imatéria amante que se espraia
Que transpõe o alto muro
A carne do Deus dos ateus
Em sua face mais humana.
Amo-te para ser eu, em sendo tu
Querer os teus próprios quereres
Privar de teus nédios momentos.
Amo-te para te-la em meus braços
Ou para rete-la em pensamentos.
Amo-te mesmo que me reste
Perde-la, por frágeis os meus poucos talentos
Por inúteis, os meus pífios poderes.