Miçangas (Para Patrícia Lettiere)

Você me mostra

Criar é doar, é aceno

É um pingente nostálgico derrotando buracos negros

Extravasando sempre, em partos e prantos

Deixando-se curar calos e silêncios

É ser esteira de missões, crenças e confrontos

É um combater gaiolas sendo desafio e confiança

Ser um elástico entre solidão e coletividade

Reconhecendo sedas e moletons

É pegar um pedacinho da flama olímpica

Bailar no yin-yang e aprender a varrer e refletir

Carregando sedimentos benígnos

É ter a mão e a alma inconspurcadas

Conquistando originalidade com todo o instinto

Fugindo dos descampados

É ter o poder de se afogar e reviver

Ter um casamento com o Além

Existir entre nossas sobrancelhas e pés

Incorporar os milésimos bombeados pelo coração

Se permitir enluarar em jardins de sálvia

Construindo o papel que não rasga e metal que não amassa

Segure pois a flor que fluoresce na neblina

Seja locomotiva sobre trilhos alados

E sempre encontrará uma estalagem aberta

Refresco e coberta para estar vigilante e dormir

Deixando a comporta se abrir sem economias ou terror de se extinguir

E se lançar nas feiras andarilhas que permeiam as metrópoles

Tornando a si umas obras também

Aquelas que se veem quando olham para cima

E outras que se ouvem diante das quedas livres

Se esparramando vitoriosas entre os quatro elementos

E finalmente soprando a vela postada solene sobre a torta

Prontas para, sem falhas, receberem realidades e alegrias

Ana Luiza Lettiere Correa
Enviado por Ana Luiza Lettiere Correa em 03/10/2022
Código do texto: T7619678
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