A LOBA DA ESTEPE E O MARUJO!

Carmen Cristal

 

Sentimentos que afloram!...

Felino animal que os suporta!...

Um céu sem estrelas, vazio de amor, sem lua!...

Apenas um par de olhos verdes espreita,

A loba uiva, um uivo triste para a natureza nua,

O coração em desespero, ela se ajoelha!...

 

Depois de tantos anos, ela anda até o penhasco!

O mar, sob as patas inquietas, se descontrola

a maré sobe, as ondas se agigantam,

Batem com força nas pedras, fustiga o rochedo!...

O animal anda de um lado à outro, se arrasta!...

A dor que vai na alma a deixa desesperada!...

 

Tudo está diferente, porque tinha que vir!?...

Desde aquela fatídica noite, nunca mais voltara ali...

Maldita noite em que a dor foi maior que ela!...

Noite em que, tanto chorou, que suas lágrimas secaram!

E, em desespero, sem ter para onde ir, se embrenhou pela estepe

Para não mais voltar a ver o mar, o mar que um dia fora amigo,

 

O mar confidente, irmão que a recebia, acariciando seus medos!...

Agora, ela estava ali, no penhasco de onde tantas vezes o viu chegar...

Ele vinha de outros portos, de outras guerras, de outras terras,

Só para estar com ela, ela a Loba que se fazia mulher para seu lobo

Que vinha sedento de amor, aquele amor que os enobrecia

E lhes dava o prazer inimaginável da entrega total à felicidade...

 

O Marujo-lobo para toma-la nos braços, a Loba-mulher,

E assim leva-la pelo mundo das estepes e em campo aberto ou,

Em cavernas escondidas toma-la para si e ama-la com paixão!

Tantos momentos, tantas loucuras, foram vividas a dois!...

Carícias , volúpias, gozos ao vento, ao firmamento!!...

Um mundo inteiro só deles, risos de alegria e felicidade.

 

Mas a vida, quando quer é cruel ao extremo e, assim!

Naquela noite, que era para ser uma noite só de amor,

Em que a mulher Loba cheia de paixão e desejo ardente

Foi encontrar seu homem Lobo, para saciar sua fome,

Não o viu, algo não estava certo, o céu estava escuro

Não tinha Lua nem estrelas, o mar estava quieto e triste!...

 

Angustiada a Loba uivou!... Uivou e uivou para o céu,

Sem ter resposta, nem consolo algum, ela chorou!...

Na natureza nada se mexia!... Ninguém queria ver, 

Nem ouvir a dor que vinha daquele uivo solitário!...

A dor daquele corpo de mulher que se contorcia na solidão!...

Na sua condição inocente ela sabia que ele não mais viria.

 

Desesperada, sem ter para onde ir se embrenhou

Foi pela estepe em disparada, não suportava tamanha dor!...

Foi para não mais voltar a ver o mar, o mar que a traíra,

Levando seu homem para não mais o devolver!... 

Não sabia dos porques ou como aconteceu, sabia apenas,

Que ele havia partido, partira para nunca mais voltar!...

 

O Marujo, pirata dos sete mares e a Loba da Estepe

Mulher de alma livre a correr pelos campos da poesia,

Dois solitários que se encontraram pelas madrugadas insones

E por essas determinações do destino, se apaixonaram!...

Uma historia de amor além do entendimento humano,

Uma bela história que a própria vida, escreveu seu triste final!

 

O Marujo em uma outra dimensão, navega outras águas,

Tendo em seu diário descrito a saudades do amor que deixou.

Ela, a Loba da Estepe, continua sua Saga!... Hoje solitária

Sem mais lágrimas para poder chorar, anda sem rumo,

A espera do dia em que Deus a dispense deste mundo

E possa voltar aos braços do seu amor e adormecer...

 

"Saudades é uma coisa que dói demais!..."

"A SAGA DA LOBA DA ESTEPE!"

 

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