O Pássaro

Te deixo liberto

Pássaro selvagem

Pirata de sonho e mar

Tentei guardá-lo

Até minha alma gritar

E meus dedos doerem

Mas sua coragem é mais forte

Eu demorei a entender

E por isso te magoei

Agora rasgo meu manto

Esqueço minhas vestes

Abolindo as convenções

Sua serei, para sempre

Uma revolucionária, também

Me visite, às vezes e se quiser

Quando teus mantras pedirem

Me deixe ouvir seu canto

Perto ou distante

Na alquimia abençoada dos elfos

Pois seu dialeto é a felicidade

Tudo o mais é frio e abandonado

Prometa-me encantar cada vez mais

Só assim sobreviverei à saudade

Voe bem alto e para longe

Continue intrépido

Me perdoe pelas lágrimas

Seus olhos foram feitos para brilhar...

Mestre e guia da esperança

Não, as turbulências não te alcançarão

Você está além

O mais autêntico entre todos

Senhorio dos arcos

Onde reinam as inspirações

Onde os bons alcançam as carruagens

De amor, de nuvens

De notas de algodão

Sei que estará, potente

Acima das catedrais

Sendo mais eloquente do que sinos

Assoviando diante das bastilhas

Você que tem ninho e tem revoada

E do que lhe lançam, só o Bem te alcança

Ela te chama e você precisa seguir

É a natureza

Vive, então, progride

Sou como uma miragem

Calejada e febril

Legal ou ruim...

Só você pode me julgar

Com os ventos de palavras que te habitam

Fazem relvas, cachoeiras

Das grandes matas

Entre as mentes e alvoroços

Nascerão continentes

Onde se revelam os segredos de antigos chalés

Repletos de novos e estonteantes ladrilhos

De mínimo nada tem seu íntimo

Sua galera é estrelada

Sem correntes ou gaiolas

Você vai, doce e afrontoso

Rompendo as densidades

Tudo é graça e grandioso

Sem competições

Não existe lança a lhe derrotar

Tem em sua alma a fábula cintilante

Que segue, vencendo traumas e labirintos

Pedras virarão poeira

E jamais te machucarão

Ouça as flautas e aplausos do infinito

Deixe suas penugens balançarem ao sol

São pérolas...

As que eu escolhi e me deixei escolher

Faça-me fitar o céu deitada em palhas

Lembrando do perfume

De flor, de maçã, de cereal

Quando o horizonte está limpo

Azul, sem raios

Suas cores são desenhos

São portais convexos

São mensagens em minhas estradas

Tudo é movimento, amplitude

E eu aprendo a entender

Sorvendo em poesia

O suave vinho da resiliência

Porque nele sei que em outras eras você virá

Me reconhecendo

Plena e melhor

Sem os vícios ou vaidades típicos da minha essência

Poderei ilustrar verões com você...

Meu alado, meu amigo

Ana Luiza Lettiere Correa
Enviado por Ana Luiza Lettiere Correa em 20/02/2024
Código do texto: T8003276
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.