Tua boca sem a minha
Tua boca sem a minha
Lizete Abrahão
Na solidão cambaleante, memórias nuas...
Persegues do teu tempo tortos traços,
Eternos mapas; são artérias nuas,
Por onde vagas em busca dos meus abraços
Vazio de mim, sei onde tu descansas:
Nas curvas de outro rio de estranhas águas...
Da minha pele, quando vêm lembranças,
Vadias horas dominam-te em mágoas.
Sou vida em tudo de quanto te rodeias
Tens-me em ti, teu sangue corre em meu leito,
Vinho que se esvai pelas minhas taças.
Nos meus meandros, porque tuas veias,
Escorre o gosto do meu corpo eleito
Da tua boca já sem minhas graças