Marrom

Essa pele tão morena

Tão macia de veludo

Na verdade é teu escudo

Mulher trigueira

O marrom da tua pele

De nada me impede

Desvia-me sem cuidado

A cor da tua tez

Onde perdi a sensatez

O gosto desse pêssego

Traz de súbito à lembrança

Um estouro de pujança

Deslizo as minhas mãos

Por entre as curvas de feitiço

Venero vulnerável o teu viço

Tua face tão lisa

Como a fruta de frescor

Logo a mim queima de ardor

Olhos negros no semblante

Da mulata de escrava

Miram correntes de senzala

Urdem prender-me num estalo

Nos grilhões sem mais visão

De alforrias ou condão

No teu fogo eu perdi

O meu vício no escuro

Nessas vozes nesses muros.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 10/01/2008
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