Marrom
Essa pele tão morena
Tão macia de veludo
Na verdade é teu escudo
Mulher trigueira
O marrom da tua pele
De nada me impede
Desvia-me sem cuidado
A cor da tua tez
Onde perdi a sensatez
O gosto desse pêssego
Traz de súbito à lembrança
Um estouro de pujança
Deslizo as minhas mãos
Por entre as curvas de feitiço
Venero vulnerável o teu viço
Tua face tão lisa
Como a fruta de frescor
Logo a mim queima de ardor
Olhos negros no semblante
Da mulata de escrava
Miram correntes de senzala
Urdem prender-me num estalo
Nos grilhões sem mais visão
De alforrias ou condão
No teu fogo eu perdi
O meu vício no escuro
Nessas vozes nesses muros.