POEMA AO ROUXINOL

AO ROUXINOL

Meu companheiro e solitário amigo

Que, soltas o cântico na madrugada,

Ensina-me a partilhar contigo,

A ausência pela pessoa amada.

Ai, quem me dera saber cantar

Para esquecer a minha mágoa,

Cantaria toda a noite sem parar

E viveria como leito sem água.

Sem esta, o rio é menos sofredor,

Porque não lhe conhece a erosão,

Assim é aquele, sem verdadeiro amor,

Por viver feliz, sem enganos ou ilusão.

Se pudesse ao coração falar

E dizer-lhe porque tanto sofria,

Não sei se voltaria a querer amar

Ou tão-só, viver na nostalgia.

Sabes como ninguém, solitário rouxinol,

Emitir teu cântico de bela melancolia,

Que, difundido na noite e longe do sol,

Disfarças toda a tristeza, em pura alegria.

Quem me dera também ser assim

E disfarçar toda a minha mágoa e dor,

Saberia enganar todos e a mim

E viveria feliz, mesmo no desamor.

Este poema fará parte do Conto entitulado "Espalha Brasas" e irá ser inserto no capítulo IV. Insere-se no contexto de uma paixão de amor não correspondido.