Vejo-te assim...
Vejo-te assim...
Lizete Abrahão
Vejo-te triste, vejo-te sem mim...
Soam, meus versos, como se perdidos,
Vagando pelas ruas do sem fim,
Buscando teu olhar já tão sofrido...
Vejo-te como nunca, tão vazio,
Os teus cansaços fazem eco em dobre,
Como o silêncio de um sino no estio,
Que acorda a noite que me encobre...
Vejo-te como um pássaro ao chão,
Asas pendidas, úmidas de dor...
Galhos despidos, nem ninho ou verão
Habitam tuas horas... onde for...
Vejo-te nu, ao léu do meus carinhos...
Na pele que te agasalha, o frio
Sobe pelas marcas dos meus caminhos,
Onde deitei minhas mãos em arrepio...
Vejo-te meu, dos longes, um momento...
Tua voz, que diz ao vento meu nome,
Chega em soluço, no pranto do vento,
Beija-me a boca, mata minha fome...
RJ/28.03.08
lizeteabrahao@terra.com.br