SÃO PAULO, MEU VÍCIO E PRECIPÍCIO

sou pedra/concreto

da cidade parte

televisão, guitarra

escarros na calçada

cachaça, baseado de mão em mão

na praça no beco

sou soma de sins

e muito mais nãos

há beijos e abraços

mesmo na lotação

afagos apertados e aflição

tudo é parte

sou pedra da cidade

edifício/ babel

céu cinza, sinal vermelho

sambo reggae e baião

no forró, no toque

tem funk sobre a laje

rock de garage

um só coração

que bate que se abre

avenida é um corte

Ipiranga, São João

sigo cego reto coerente

a mente do poeta não mente

como os versos de Salomão

sou cidade

sãopaulo me consome meu consumo

tira-me o meu sumo

dá-me o pão e a loucura de cada dia

aqui eu planto no asfalto

me mato procrio rio e choro

amo reclamo mas não arredo pé