redemunho póstumo a syd barrett*
"It’s awfully considerate of you to think of me here
"And I’m almost obliged to you for making it clear that I’m not here"
(Jugband Blues — Syd Barrett)
nos manicômios da memória
os cogumelos
delirantes
penetravam no absurdo e uma prece se erigia
para a lua
lobisomem eram uivos de meninos
e eram lobos na floresta
entre as bruxas davam danças
entretendo ao anjo
lúcifer,
e dionísio, o jovem belo, de entre os sátiros e ninfas
amoldava com o vinho
um novo barro viés fosfóreo
da promessa da poesia
dos clowns ébrios
e as sonoras
prostitutas incorpóreas
que espargiam como a etérea companhia
do errabundo sem morada
que no acorde da guitarra
memorava, aos manicômios da memória,
que o corpo pétreo diluíra
na viagem
de ir sem volta para dentro do outro mundo
para dentro
do outro mundo inconsciência,
era a demência,
bem o possa,
era o menino uivando à lua
na floresta,
a benzedura controversa dos escuros, ventania,
syd morre, ventania
que expirou.
*não saberia como dar-lhes conhecer o amigo syd barrett, falecido há poucos dias, aos que o não conhecem, senão como a alma volitiva primeira do psicodelismo poético da música popular, ou do progressivo nada popular do grupo inglês pink floyd, de quem syd é deveras fundador.