redemunho póstumo a syd barrett*

"It’s awfully considerate of you to think of me here

"And I’m almost obliged to you for making it clear that I’m not here"

(Jugband Blues — Syd Barrett)

nos manicômios da memória

os cogumelos

delirantes

penetravam no absurdo e uma prece se erigia

para a lua

lobisomem eram uivos de meninos

e eram lobos na floresta

entre as bruxas davam danças

entretendo ao anjo

lúcifer,

e dionísio, o jovem belo, de entre os sátiros e ninfas

amoldava com o vinho

um novo barro viés fosfóreo

da promessa da poesia

dos clowns ébrios

e as sonoras

prostitutas incorpóreas

que espargiam como a etérea companhia

do errabundo sem morada

que no acorde da guitarra

memorava, aos manicômios da memória,

que o corpo pétreo diluíra

na viagem

de ir sem volta para dentro do outro mundo

para dentro

do outro mundo inconsciência,

era a demência,

bem o possa,

era o menino uivando à lua

na floresta,

a benzedura controversa dos escuros, ventania,

syd morre, ventania

que expirou.

*não saberia como dar-lhes conhecer o amigo syd barrett, falecido há poucos dias, aos que o não conhecem, senão como a alma volitiva primeira do psicodelismo poético da música popular, ou do progressivo nada popular do grupo inglês pink floyd, de quem syd é deveras fundador.

andré boniatti
Enviado por andré boniatti em 16/07/2006
Reeditado em 16/07/2006
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