ODE - FELIPE, Capítulo XIX

Eu vi o menino Felipe

De mãos no bolso e sem bagagem,

Voltava da Europa distante,

Após um ano de viagem.

Julgou-se já em sua casa

Quando aportou o Oriana.

De mãos no bolso e sem bagagem,

Regressa à terra da banana.

“Cubatão de eras históricas,

Que teve até Porto Geral,

Só as terças, quintas e sábados,

Corre um trem nesse ramal?”

Era sexta, não havia trem!

Era folga do maquinista,

E ele então pisou cada dormente

Como se uma escada infinita!

Beirou os valos bem verdinhos

Todos de musgos recamados.

Com o seu chapéu de aba larga

Que o vento ousou sem dar recados!

A serra mostrava-se inteira,

O vento varrera a cerração.

O olaria é meio caminho,

Lá da Europa à Cubatão!

E segue o menino Felipe

Entre o verdor daquela mata,

Que tinha garças e socós

E até um cão vira-lata.

Segue mais, mais e muito mais,

Um estirão a mais, e a ponte!

Negra como a noite já tingia,

A tênue linha do horizonte.

Do outro lado, a sua casa,

No meio das tangerineiras,

Era um chalé cor-de-rosa

Tomado por mil trepadeiras.

Ajuntando as folhas caídas,

No quintal estava a sua madre.

Já com mais brancos nos cabelos,

Do que os cirros daquela tarde.

_ A benção, mamãe, disse ele,

Com seu jeito todo gaio.

_ Então é você, seu mestre?

A benção, respondeu-lhe de soslaio!

-"-

Esta é a minha homenagem ao escritor Afonso Schmidt. Sendo um dos escritores mais premiados no Brasil e exterior, é estranho como hoje em dia não se fala mais em seu nome.... Obs: O poema acima é baseado em um texto sobre a primeira viagem do escritor. O menino Felipe é uma mistura do romance do mesmo nome ( quase uma Auto biografia)e do lovro a primeira viagem..

Com 16 anos de idade, partiu para a Europa sem nada no bolso... Aí o liuvro a primeira viagem quase uma autobiografia...

Affonso Schmidt[1] (Cubatão, 29 de junho de 1890 — 3 de abril de 1964), também grafado Afonso Schmidt[2], foi um jornalista, contista, romancista, dramaturgo e ativista anarquista brasileiro.

Recebeu o Troféu Juca Pato, prêmio Intelectual do Ano, em 1963, concedido pela União Brasileira de Escritores. Zanzalá (1938) é obra pioneira da ficção científica nacional, uma das de maior destaque na primeira metade do século XX pelo seu conteúdo de brasilidade e pela forma como orquestra diferentes temas e situações. Muitos dos contos de Schmidt também pendiam para o fantástico, como "As Rosas", "Delírio" e outros.

Afonso Schmidt é patrono da cadeira 138 do Instituto Histórico e Geográfico de Santos.[4]

SBC-SP-José Alberto Lopes®

01/05/2007

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 19/11/2010
Reeditado em 29/03/2018
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