Só para as atrevidas

Só as atrevidas sobreviverão

As que deixarem os murmúrios

As lamúrias. O muro dos lamentos

E uivarem na porta dos lobos maus aflitos

As que derrubarem barreiras

Preceitos pseudo-religiosos

Só as atrevidas serão bem-vindas

Ao hoje da nova realidade

Dessa idade de abismos

Que levou o mundo para o precipício

Só as atrevidas poderão mudar o rumo

Começar o novo

Quebrar tudo

Preconceito quebrou não tem conserto

Não cola mais

Porque não se justifica

Não tem lógica

É uma mágica macha

Explicada como desígnio de Deus

Da costela de Adão

Não nasceria submissão

Uma interpretação errônea

Na realidade não houve uma subtração

Mas a divisão do UM

Donde nasceram dois iguais

É isso o que nos faz macho e fêmea.

No mesmo degrau. No mesmo grau.

Na mesma procura e loucura.

Só as atrevidas sobreviverão

As que subtraírem as regras

Pisarem no machismo

E atravessarem a ponte dos mandos

Só as atrevidas serão bem-vindas

Ao futuro da nova mulher

As que tirarem as amarras

A canga que carregaram pelos séculos

Subverterem a letra pesada

A que denota subserviência

Alterar o dicionário másculo

As letras todas que criaram a desigualdade

Corrigir a falha das designações

Restabelecer o equilíbrio da balança

Refazer a aliança

Na dança do sutil

O ritmo de um novo som

Leve gentil humano de fato femininimacho

É o que acho e o que quer quero